O município de Pelotas está inserido em um território cuja população original correspondia a três etnias indígenas: Mbya Guarani, Minuano/Charrua e Kaingang. A forma de ver o mundo desses povos prima por uma relação de extrema união entre a natureza e a cultura. As contribuições culturais indígenas estão presentes no próprio nome da cidade - que remete à pelota - uma embarcação feita com couro, além do hábito de sorver o mate e de comer churrasco, por exemplo.
No Séc. XVII, a partir das disputas territoriais entre Portugal e Espanha e, posteriormente, para garantir a posse do território, a ocupação da área foi estimulada. Como consequência imediata das disputas entre as coroas ibéricas, houve a formação de pequenas comunidades - como a Colônia de Sacramento - na região do "Rio da Prata”; a construção de fortes para a defesa do local e a busca de gado bovino para a extração do couro.
Em 1780, com o ciclo do charque, iniciado às margens do Arroio Pelotas, com José Pinto Martins, pessoas escravizadas foram trazidas do continente africano para trabalharem nas charqueadas. A contribuição africana é muito importante para a cultura pelotense, estando presente nos doces, na religião, no carnaval, na musicalidade etc.
Segundo Mario Osório Magalhães (1993) e o Beatriz Freire (2005), a abolição da escravatura por ocasião da revolução industrial e a comercialização das terras pertencentes aos charqueadores incentivou a chegada de levas de imigrantes alemães, pomeranos, italianos, franceses e austríacos instalados, principalmente, na Serra dos Tapes. Esses grupos, organizam-se em Colônias e contribuíram para o desenvolvimento da fruticultura, avicultura e suinocultura para fornecerem alimentos à população urbana em expansão. Com as safras das frutas, iniciou-se a prática do fazer do doce colonial.
A distribuição das etnias nos diversos distritos de Pelotas foi citada no estudo realizado por Reith et all (2006) por ocasião da elaboração do INRC das tradições doceiras. Em relação ao núcleo urbano pelotense, houve predomínio de luso-brasileiros, africanos, franceses, pomeranos e italianos. No 2° distrito, a Colônia Z-3, a presença de luso-brasileiros é predominante; em Cerrito Alegre (3º distrito), a predominância é de alemães, mas com a presença de luso-brasileiros. No Triunfo (4° distrito), a predominância é da etnia pomerana. Na Cascata (5º distrito) a presença de alemães prevalece; na Santa Silvana (6º distrito), os pomeranos colocam-se em evidência; no Quilombo (7° distrito), distribuem-se franceses, italianos e alemães; no Rincão da Cruz (8° distrito), observa-se uma intensa presença de italianos, mas com uma pequena presença de alemães; em Monte Bonito (9° distrito), alemães ocupam um maior espaço em relação aos luso-brasileiros. A extensa contribuição dos grupos étnicos formadores de Pelotas determina o rico patrimônio cultural do município, expresso em nas formas de viver, de fazer e de ser da sua população.
Fontes: FREIRE, Beatriz Muniz; MAGALHÃES, Mario Osório e RIETH, F.M.S.
Foto: Musée Air France
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