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Patrimônios de Pelotas: Catedral São Francisco de Paula

Arquitetura, arte e religião de mãos dadas


A Catedral Metropolitana de Pelotas, assim denominada pelo Papa Bento XVI, a partir de 13 de abril de 2011, tem a sua biografia entremeada com a formação da cidade de Pelotas. Remontando ao dia 18 de agosto de 1812, o pequeno oratório localizado às margens do Rio São Gonçalo foi elevado à Paróquia de São Francisco de Paula, pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Dom José Caetano da Silva Coutinho. 

Em meados de 1813, foi dado início à construção da Igreja Matriz e, enquanto suas paredes eram erguidas, o então vigário da paróquia, Padre Felício, projetou e executou a obra: um pequeno santuário de alvenaria com duas águas e telhas de barro. Era constituído de uma nave de 6,6 m x 13,20 m (incluindo a capela-mor), sem torres e sacristia. Em 23 de dezembro do mesmo ano, a capela já estava sendo finalizada e a imagem de São Francisco de Paulo foi colocada no altar.

Em 1826, após ter sido destruída por um raio, foram iniciadas as obras de um "novo templo", pelo lado de fora do primitivo. Em 1846, o Imperador D. Pedro II, lança, na Praça da Regeneração (hoje Cel. Pedro Osório), a pedra fundamental para a construção de uma nova catedral, no entorno da praça, porém, a edificação que nunca foi erguida.

Em meados do século XIX, a Catedral já apresentava a fachada atual, com seu pórtico e terraço, com seu jogo de ordens superpostas (dóricas no térreo, jônicas no primeiro pavimento e coríntias nas torres) com sua platibanda e pequeno frontão; com duas torres sineiros e com suas duas cúpulas características. Era ainda muito primitiva: nave única, tribunas laterais, altar-mor ao fundo e duas bases nas torres. Em 1915, sofreu uma ampliação: um prédio de dois pavimentos é anexado para servir de salão paroquial. Em 1933, uma nova reforma ampliou sua capacidade para 1700 pessoas. O altar-mor foi recuado para o fundo, a sacristia ocupou o pavimento térreo do salão paroquial, eliminaram-se as tribunas. As janelas laterais foram retiradas e substituídas por vitrais com passagens bíblicas. Os vitrais foram doados por famílias pelotenses.

Em 1910, a cidade de Pelotas foi elevada à sede de bispado e a Matriz de São Francisco de Paula recebeu o título de Igreja Catedral. O atual prédio só aparece depois da Segunda Guerra Mundial, entre 1947 e 1948, quando o bispo Dom Antônio Zattera promoveu melhorias, mandando construir o presbitério, a cripta (desenho original do arquiteto Roberto Offer, de 1847), as sacristias e o salão paroquial, remodelando as fachadas laterais que passaram a concordar com a principal, aumentando a nave e edificando a grandiosa cúpula. Obras que foram planejadas pelo arquiteto Victorino Zani.

Para decorar seu interior, o bispo trouxe da Itália os mestres da arte sacra, Aldo Locatelli, Emílio Sessa e Adolfo Gardoni. A entrega à comunidade, com a nova feição, deu-se em 19 de março de 1950. O artista desenvolveu uma composição figurativa, estruturada sobre uma base geométrica, onde se pode sentir unidade, harmonia e equilíbrio. A combinação de cores determina a oposição entre os claros e escuros, o artista modela e produz texturas por meio da cor. Vários estilos foram utilizados pelo pintor Aldo Locatelli: renascentista, na composição, perspectiva, "sfumato" (sombreados), maneirista, complexidade das posturas, graça, forma serpentinada, variedade dos aspectos do corpo, barroco, força na ação, combinação de luminosidade e dramaticidade, iluminação em diagonal.

Fonte: Olhares sobre Pelotas

Foto: Alonso Garcia Soares

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