Em pleno 2021, em mais um mês da Consciência Negra, ainda é necessário falar sobre o racismo estrutural presente no nosso País. Os mais de 300 anos de escravatura deixaram uma forte carga cultural no Brasil. A língua portuguesa, implementada pelos colonizadores brancos, carrega até hoje termos com conotação pejorativa que contam a história de um ambiente marcado pela escravidão.
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O professor Paulo Sergio Gonçalves, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Estácio/RS, diz que é preciso combater essas expressões através da disseminação de informação. "Mulata", por exemplo, faz parte dos sete termos separados por ele. A palavra, que faz referência ao animal mula, deveria ser substituída apenas por mulher negra. "Denegrir" também entra na lista. Usada como sinônimo de difamar, ela relaciona a negritude com algo negativo.
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Paulo cita ainda a expressão "fazer nas coxas", que vem da técnica utilizada pelos escravizados para fazer telhas e é utilizada para caracterizar trabalhos mal feitos. Muito usada até hoje, "doméstica" também carrega traços racistas. A palavra, que se refere às mulheres negras que trabalhavam dentro da casa das famílias brancas, remete a pessoas selvagens que foram domesticadas.
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Mais um termo herdado do período escravocrata é "meia tigela". Naquela época, os negros que não conseguiam cumprir as metas de trabalho recebiam apenas metade da porção de comida. Hoje, é aplicado para descrever algo sem valor. "A dar com pau", ainda nessa linha, faz alusão à alimentação dosada em colheres de pau nos navios negreiros e significa algo que não é digno de consideração.
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Por fim, o professor menciona "Inhaca". Usada para falar de algo com cheiro forte e desagradável, a palavra significa o nome de uma Ilha de Moçambique, na África Oriental. A expressão reforça preconceitos ao associar o lugar, onde a população é majoritariamente negra, a algo nojento.
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Imagem: Joyce Rocha/JC
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