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Patrimônios de Pelotas: Águas pelotenses

Elemento de história e desenvolvimento


Pelotas desenvolveu-se pelas águas: as charqueadas precisavam estar às margens de rios para produzir e escoar produtos. Com o passar do tempo, a cidade prosperou em meio a tantos recursos hídricos, desde cachoeiras, arroios e lagunas. Sendo assim, valorizamos os cursos d’águas pelotenses como patrimônio natural e cultural, recurso que está intimamente ligado à identidade e a história da cidade.

A história registrada de Pelotas surgiu às margens da Lagoa dos Patos, através da doação daquelas terras. O nome da cidade homenageia as águas: tem o nome do arroio que cortava a região. As primeiras embarcações indígenas nomearam esse rio, que ficou popularmente conhecido como Arroio das Pelotas.

A bacia hidrográfica que cerca o município foi determinante na formação e no desenvolvimento de Pelotas, principalmente durante o período charqueador. As embarcações atracavam nas margens do Arroio Pelotas para retirar a produção direto de cada charqueada e dali entravam no canal São Gonçalo para chegar à Laguna dos Patos, por onde escoavam a produção até Porto Alegre. Da capital gaúcha, o charque era vendido para o resto do Brasil e até para o exterior.

Em questão de valor patrimonial e potencial turístico, os recursos hídricos que cercam o município de Pelotas são de extrema importância. Relembrando que a classificação de patrimônio que utilizamos compreende áreas de relevância preservacionista e histórica, ou seja, áreas que transmitem à população a importância do meio ambiente natural preservado.

A Laguna dos Patos é o maior reservatório de água doce da América Latina, sendo o recurso hídrico que banha os balneários da Praia do Laranjal. Considerada um “Mar de Dentro” por conta de uma área de aproximadamente 10.144 km², é motivador de grande fluxo turístico durante o verão. O Laranjal também tem excelente raia para esportes náuticos, atividade praticada por diversos atletas mesmo nos meses mais frios. As águas calmas e rasas satisfazem os esportistas, incentivando a permanência de escolas e lojas de aluguel de equipamentos para atender os praticantes de atividades aquáticas. Com a nova sinalização na orla, do pontal da barra à Colônia Z3, a cidade vem cada vez mais se especializando no atendimento dessa importante demanda para a economia local.

A Colônia Z3 é uma colônia de pescadores de extrema importância cultural e econômica para a cidade. Além da produção de pescado e crustáceos, comercializado na própria Z3 e no Mercado Central, lá também ocorrem as celebrações de Nossa Senhora dos Navegantes e Iemanjá.

O Arroio Pelotas é o maior arroio do estado. Possui cerca de 60 km de extensão, integra a bacia hidrográfica da Lagoa Mirim e deságua no Canal São Gonçalo. A Lei Estadual n° 11.895/2003 declara esse curso d’água como Patrimônio Cultural do Estado do Rio Grande do Sul, e é largamente utilizado para a prática de esportes náuticos, pesca e turismo.

O Canal São Gonçalo faz a ligação entre a Laguna dos Patos e a Lagoa Mirim, sendo navegável em toda sua extensão. Na zona do Porto, possui uma área denominada “quadrado”, muito utilizada para atividades de lazer da população local; foi construída no início da década de 50 do século XX para estacionamento e desembarque de pequenos barcos que faziam transporte de cargas para um estaleiro e fábricas instaladas na região. Naquela época, o porto era um verdadeiro distrito industrial, que trouxe prósperos negócios para região. Hoje, o principal uso do bairro é feito pela Universidade Federal de Pelotas, que utiliza alguns desses complexos industriais como unidades acadêmicas, ressignificando antigos espaços através de novos usos. Além disso, a área do porto é destinada à movimentação e armazenagem de cargas, e, a recente concessão de um dos terminais à iniciativa privada pretende movimentar ainda mais a economia local, gerando empregos e renda, propiciando um melhor uso do rico recurso hidroportuário gaúcho.

A bacia hidrográfica de Pelotas é um sistema que guarda em si não só a riqueza histórica e identitária da cidade; guarda também uma incrível diversidade de elementos bióticos e abióticos, todos detentores de excepcional valor do ponto de vista científico, sustentável e cultural. Por todas essas razões, fica claro que as águas pelotenses correspondem a um patrimônio que deve ser devidamente preservado e valorizado por toda a comunidade.

Foto: Nei C S Borges

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