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Patrimônios de Pelotas: Redeiras

Artesanato sustentável fruto de mulheres da Colônia Z3


Desde 2008, o sonho de dez mulheres artesãs, esposas de pescadores, se tornou realidade. Muito além da preservação através da reciclagem de materiais que seriam jogados fora ou ficariam na Lagoa dos Patos, o trabalho desenvolvido pelas Redeiras se tornou a fonte de renda para quase 30 famílias da Colônia de Pescadores Z-3. O reconhecimento de todo empenho vem através de clientes e até mesmo de famosos que hoje indicam a marca.

Artesã há 13 anos, Flávia Silveira, 49, participa do grupo desde a formação e lembra que a união entre as mulheres foi "um divisor de águas" em suas vidas. Ela explica que antes, por serem casadas com pescadores, a rotina era acompanhá-los na lagoa, mas quando os filhos nasciam, precisavam ficar em casa para cuidá-los. A partir daí, o trabalho limitava-se a cuidados domésticos, arrumar as redes para a pesca ou fazer alguns alimentos, como bolinho de peixe ou artesanato para contribuir na renda familiar. Com as Redeiras, esta realidade mudou. "Meu marido trabalha com peixe, mas muitas vezes a minha renda ultrapassa a dele hoje em dia", comenta.

Atualmente, nove mulheres fazem parte do grupo e são responsáveis pelo produto final, porém, mais de 25 famílias da Z-3 são beneficiadas com a marca, atuando na parte de produção dos itens. É uma arte que vai muito além da questão financeira. Há a preocupação com a sustentabilidade através da reutilização de redes que seriam deixadas na lagoa, do couro e das escamas de peixe que são transformadas em joias, bolsas e outros acessórios.

Reconhecimento comprovado
Com uma produção atual de aproximadamente 60 peças por mês, os acessórios feitos pelas Redeiras são comercializados nacionalmente, em especial para o Rio de Janeiro e São Paulo. Recentemente, o ator Mateus Solano publicou um vídeo em suas redes sociais indicando o trabalho das artesãs. "Diz se não são umas belezas essas bolsas [mostra o acessório] feitas de rede de pescar camarão que não tinham mais utilidade, mas foram reutilizadas", comentou.

Após ver a postagem na rede social do ator, a aposentada Márcia Ebel, 70, foi até a banca localizada no interior do Mercado Central onde são comercializados alguns itens. Ao chegar, ficou encantada com o que viu. "É muito bonito e bom para dar de presente, principalmente para algum conhecido que não mora aqui [em Pelotas] e gosta do Laranjal. Achei muito massa o aproveitamento", comentou.

O reflexo da divulgação foi sentido também nas encomendas. "O vídeo está bombando e para nós foi um resultado extremamente positivo", conta a gestora do grupo, Rosani Schiller. Segundo ela, a ação possibilitou a chegada de novos lojistas para adquirir os produtos, além de novos pedidos.

Confiança no trabalho
Desde o início das Redeiras, a busca pelos itens confeccionados é grande. Prova disso está na lembrança de Flávia, que recorda a primeira vez que o grupo participou de uma feira - em 2010 -, com o apoio do Sebrae para a ida até São Paulo. Ao todo eram quatro dias de evento, mas no primeiro as peças que foram levadas já haviam sido vendidas, para a surpresa das artesãs. "A gente saiu da realidade de uma Colônia de Pescadores pequena para uma grande cidade e nos horrorizamos quando alguém perguntava se a bolsa custava R$ 200,00. Eu dizia com vergonha que custava esse valor, porque na nossa realidade humilde era muito cara", explicou. Atualmente, a artesã diz que possui mais confiança no trabalho desenvolvido.

Os produtos confeccionados pelas Redeiras podem ser adquiridos diretamente na banca 43 do Mercado Público Central ou pelo site.

Fonte: Diário Popular

Foto: Divulgação

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