As carruagens fúnebres, patrimônio material da cidade -e os escolhidos desta semana- possuíram durante o século XIX até 1960 uma participação excêntrica na história de Pelotas. A princípio neste contexto histórico, as famílias aristocráticas utilizavam as carruagens para transportar os corpos dos falecidos até o cemitério São Francisco de Paula, enquanto a população mais carente era levada por meio de carroças, denominadas bate-bate.
As carruagens não somente eram um meio de locomoção para este fim, mas também significavam identificar quais pessoas detinham poder econômico e quais não tinham, e através das suas estruturas físicas, era exacerbado nas decorações, significados com muito simbolismos.
Usadas nos cortejos, cada cor representava a quem destinava tal carruagem. A cor preta, por exemplo, expressava que apenas os mortos de famílias ricas poderiam ser carregados nela, além disso, indicavam Príncipe das Trevas, negação, morte, juntamente com a coloração dourado, representando o sol, a bondade divina e a fé. Assim como as de cor branca, que transportava corpos de rapazes de até 18 anos, moças virgens, mulheres e de crianças e expressam a fé, a pureza, a virgindade e a inocência.
Além destes atributos, os cocheiros utilizam trajes elegantes e os cavalos eram escolhidos conforme o status do falecido, utilizando indumentária nos animais roupas para ocasião. Ou seja, quanto mais cavalos ao carregar a carruagem, mais expressava que o morto possu&iacutae;a bens e status.
Construídas no estado do Rio de Janeiro, foram inspiradas nos estilos Neoclássico, Romantismo, Barroco Europeu e Rococó. De acordo com a pesquisa, as carruagens possuem esculturas e talhas em alto-relevo que representam símbolos escatológicos com temática cristã. (Santos, 2015)
Durante o trajeto da carruagem ao carregar o morto até o cemitério, a população envolvia-se pela curiosidade de saber de quem se tratava e seguiam o morto até o cemitério, como um cortejo.
Em 1972, realizou-se a ação em um dos carros, de carregar os restos mortais de Dom Pedro I pelas ruas de Porto Alegre em 1993, com os despojos do general Osorio, as ruas de Pelotas; participou como figurante, ainda, numa minissérie de televisão, baseada num romance de Erico Veríssimo (Magalhães, 2017).
Em 1989, os dois carros remanescentes foram doados ao munícipio de Pelotas e atualmente o carro preto está exposto no Casarão 2 – Secretária de Cultura, espaço aberto ao público.
Fonte: pelotascultural.blogspot, Pesquisa: "Turismo e Patrimônio Cultural da cidade de Pelotas-RS-Brasil", Dicionário de História de Pelotas
Imagem: Andressa Machado/Divulgação: Diário da Manhã Pelotas
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