A tendência tem sido observada por órgãos do Estado e entidades ligadas ao turismo, mas uma conversa com amigos ou uma deslizada pelas redes sociais já mostra: o meio do mato tem sido a opção de lazer adotada por muitas pessoas ao longo da pandemia. Quem se aventura a fazer trilhas sabe do potencial que o som das árvores e dos rios tem para se sobrepor, ao menos por um tempo, ao barulho das cidades e dos pensamentos que andam carregados das preocupações que o coronavírus provoca.
No final de 2020, a plataforma online Viva o RS, uma iniciativa da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo em parceria com o Sebrae RS, estabeleceu a conexão entre internautas gaúchos e opções de turismo no Estado. A ferramenta serviu para mapear a intenção dos usuários com relação ao tipo de experiência de lazer que estavam buscando. O resultado observado foi que, em um grupo de 30 mil pessoas, a maior parcela estava à procura de experiências de turismo que incluíssem natureza e aventura (30%). Essa alternativa ficou à frente de passeios culturais e históricos (16%) e voltados à gastronomia (14%), entre outras.
— Depois de tanto tempo convivendo com restrições ao sair de casa, as pessoas estão procurando fazer coisas em que se sintam mais seguras e, com isso, vem o "se reconectar com a natureza". As viagens estão sendo ressignificadas, já que os indivíduos estão saindo de casa para buscar conforto para a alma em ambientes abertos, já que ao ar livre há menos risco de contaminação — afirma Amanda Paim, coordenadora de projetos de turismo do Sebrae-RS.
O movimento de busca por refúgio em meio à natureza é observado desde o ano passado e se mantém, de acordo com o Sebrae Nacional. Uma análise feita pela instituição concluiu que turistas que estão conscientes dos impactos da pandemia e que sentem medo do contágio pelo coronavírus têm preferido passeios na natureza, afastados de centros urbanos.
— O tipo de viagem que as pessoas estão procurando vai na linha de buscar um refúgio pequeno, próximo da natureza, por curtos períodos de tempo. Muita gente ainda sente insegurança para ir a grandes hotéis, resorts, então alugam casas de campo, de praia, sítios. Também é um turismo de deslocamento terrestre, com trajetos curtos, que levem cerca de duas horas — afirma Germana Magalhães, coordenadora de turismo do Sebrae Nacional.
— O turismo de aventura e natureza tem ganho um destaque e potencial de crescimento que já chama atenção, é um baita nicho que está se abrindo dentro do setor. Num primeiro momento, não vai haver outra forma de retomada que não seja em ambientes como esses, em espaços mais abertos, para passar o dia — afirma Ronaldo Santini, secretário de Turismo do RS.
Em um cenário de confinamento e de altos índices de estresse, é recomendado resguardar momentos para atividades que trazem alguma satisfação. De acordo com o infectologista Cezar Riche, o exercício físico é um escape saudável e que deveria ser feito por todos. Mas o especialista reforça que, ao ar livre, praticando atividade física vigorosa, o uso da máscara não é indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e outros cuidados devem ser observados.
— A OMS não recomenda o uso da máscara em atividades físicas intensas. Isso porque são situações em que a pessoa vai suar e aumentar muito a sua respiração, fazendo a máscara ficar molhada e perder sua validade. Então, em momentos de esforço físico intenso, o ideal é fazer sem máscara, mas em espaços abertos e se mantendo a distância de pessoas que não fazem parte do núcleo de convivência — afirma o infectologista.
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Fonte: Gaúcha ZH
Foto: Parque Nova Cascata
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