A memória de um lugar está também no patrimônio histórico que preserva. Com essa certeza, a Comissão de Restauro da Catedral São Francisco de Paula mantém vivo o entusiasmo nos consecutivos projetos de restauração da igreja. A mais recente conquista foi a aprovação do restauro da Torre Sul, através da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), com o patrocínio integral da Josapar, no total de R$ 660 mil. O persistente empenho da Comissão, liderada pelo padre Luiz Boari, é sem dúvida um farol encravado no Sul de um país que sofre constantemente com a falta de apoio
à preservação de seus símbolos culturais.
O reconhecimento da importância artística, histórica e cultural da Catedral São Francisco de Paula está sacramentada no Livro Tombo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE), com o tombamento estadual do templo. Em 2018, esse abraço ganhou o país com o seu reconhecimento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), dentro do Conjunto Histórico de Pelotas. "O tombamento federal, tanto do templo como da Praça José Bonifácio consolida a importância e o grande valor deste bem patrimonial para a cidade, o estado e o país", destaca a arquiteta Simone Neutzling, da Perene Patrimônio Histórico, responsável pelo projeto.
As obras da Torre Sul começaram na última semana, com a catalogação e retirada do material da reserva técnica. Segundo a arquiteta, os trabalhos começam na parte interna e logo avançam para externa. Como a torre tem algumas aberturas, por onde a água da chuva escorre, o primeiro passo será estancar esse problema. "A primeira ação externa é a lavagem da cúpula, portanto temos que fazer esse fechamento da parte interna para dar prosseguimento aos demais passos", explica Simone. No cronograma estão previstos a restauração da cobertura (cúpula), do revestimento externo em cimento penteado e do revestimento interno em reboco a base de cal.
Também será feita a restauração dos pisos com reforço do barroteamento existente e a pintura na parte interna, além da restauração das escadas em madeira. A pia batismal também está no escopo do projeto, e será restaurada, assim como a instalação elétrica será toda renovada. Quem passar pelo entorno da igreja irá se deparar com dois pequenos tapumes montados para a execução externa da obra. "Um deles irá isolar a Torre Sul, para podermos montar andaimes na volta e principalmente para que possamos fazer os testes em cimento penteado", detalha Simone.
Como nos projetos anteriores, a participação da comunidade é parte importante do processo. Paralelamente à execução da obra, serão desenvolvidas atividades de Educação Patrimonial (EP). Liza Bilhalva e Marta Bonow, responsáveis pela EP, estão preparando uma série de vídeos para que as visitas guiadas aconteçam no formato virtual. Alunos da Escola Estadual Monsenhor Queiroz e da Instituto São Benedito já estão em contato para a agenda de atividades. "Essas ações terão como suporte alguns vídeos com a visita guiada virtual pelo templo, apresentação das principais ideias sobre história, patrimônio cultural e atividades de conservação, restauração e preservação de bens culturais", ressalta Marta Bonow. A obra tem previsão para acontecer até dezembro e ao nal do projeto será realizada uma exposição, contemplando o histórico do prédio e das restaurações.
Pouco antes da pandemia a Catedral teve concluído o restauro de suas aberturas. O projeto "Portas da História" contemplou o restauro das aberturas feitas artesanalmente em madeira de lei. Depois dos acabamentos, as portas receberam proteção contra cupins e uma camada de verniz, além da recuperação da cor original. Em 2019, a Comissão de Restauro lançou a campanha "Abrace a Catedral". A iniciativa tinha o objetivo de estimular a comunidade (empresas, pessoas físicas ou jurídicas) a "adotarem" o restauro das 14 colunas do templo.
O restauro está na fase final e contempla um detalhado processo de recuperação da escaiola e estuque, através de técnicas artesanais, manuseadas por restauradores habilitados. Muitas colunas foram subsidiadas por recursos coletivos, da comunidade, outras adotadas pela iniciativa privada. "É com esse espírito coletivo que seguimos rmes nessa caminhada pela preservação deste importante patrimônio, que é de todos", finaliza o padre Luiz Boari.
Fonte: Diário Popular
Foto: Liza Bilhalva
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